A grande importância de dominar uma segunda língua, principalmente o inglês, além do francês e espanhol, aparece cada vez mais no mercado de trabalho. À medida que o mundo se globaliza, as relações entre empresas de diversos países crescem e a demanda por idiomas ganha força. E isso não ocorre apenas com companhias estrangeiras no Brasil. O inverso também é verdadeiro, como percebeu José Maurício Caldeira, da Asperbras, na experiência desenvolvida no continente africano.
A Asperbras, que começou em Penápolis (SP), está presente hoje na América do Sul, Europa e África. Atua em diversos ramos do agronegócio, indústria e prestação de serviços. No continente africano, iniciou suas atividades 2002, em Angola, onde implantou um grande projeto de infraestrutura industrial. Em 2011, foi a vez de atuar na vizinha República do Congo.
As dificuldades encontradas no Congo-Brazzaville, de língua francesa, foram imensas. O distrito industrial, implementado pela Asperbras na província de Maloukou-Trèchot, distante 60 quilômetros da capital, Brazzaville, em uma ligação por estrada de terra, compõe parte desse quadro. “Havia uma diferença grande em relação a Angola, que fala português, porque o Congo tem cultura francófila”, assinala José Maurício Caldeira.
Para suprir a carência de mestres de obra, pedreiros e mecânicos, a empresa teve de trazê-los do Brasil. A Asperbras chegou a contratar 5.000 operários no Congo, entre os quais cerca de 400 eram brasileiros, a um custo elevado.
Na ocasião, parte da solução consistiu em contratar mestres de obras portugueses, que falavam o francês. “Naquela época, você encontrava muitos portugueses habituados a trabalhar na França, Bélgica e Suíça. O domínio deles do idioma francês acabou nos ajudando no Congo”, frisa o empresário.
Além da criação do distrito industrial, que engloba 16 fábricas, a Asperbras foi responsável pela construção de 12 hospitais-gerais de alto nível, um em cada província do país, e do projeto Eau pour Tous (Água para Todos), que promoveu a perfuração de 4.000 poços, levando água de qualidade a mais de um milhão e meio de pessoas.
Atualmente, a empresa mantém cerca de 800 funcionários no país, que atuam na manutenção dos projetos. Curiosamente, a maior parte dos brasileiros que estão no Congo desde o início não domina o francês. “Porém, todos os motoristas congoleses, que atuam na sede da Asperbras, falam o português fluentemente, que aprenderam como autodidatas”, comparou José Maurício Caldeira.
Para Caldeira, os jovens têm, atualmente, mais acesso a cursos e a aprender outro idioma por meio da internet. “Há muito curso gratuito que te dá essa condição de ter uma segunda língua aos 18 anos. E esse jovem tem de ser bem qualificado para aumentar suas chances no mercado de trabalho”, completa o empresário.